MARCELO ALCOFORADO | A PROPÓSITO 1001 | 8 DE JANEIRO 2019
Como é ruim sentir na pele
Costumamos dizer, orgulhosos, que somos o segundo polo médico do Brasil, superado apenas por São Paulo, o estado mais rico da Federação. Efetivamente, é orgulho justificado termos em Pernambuco uma infraestrutura moderna e profissionais reconhecidos em todo o Brasil, embora tenhamos também imperdoáveis senões, como o que será narrado adiante.
Foi assim: um pernambucano convicto, desses que escolheu guardar Pernambuco no coração em lugar do estado em que nascera, despertou, quarta-feira última, com erupções em ambas as pernas, o que provocava coceiras intensas.
Precisava, pois, dos urgentes serviços de um dermatologista, e não titubeou. Pôs-se em campo e, para começar, encaminhou-se a dois dos melhores hospitais da cidade. Ambos não prestavam serviços dermatológicos, o que levou o enfermo a procurar alguns consultórios. Dois ou três deles teriam como dar assistência, desde que após o dia 10 deste mês, mas um deles indicou um pronto-socorro especializado em problemas da pele.
Ufa! Depois de tanto esforço, finalmente a irritante comichão receberia, enfim, o tratamento adequado. Ledo engano, no entanto. O paciente seria atendido, sim, mas, pasme, somente no dia 11 de janeiro. Até lá, o jeito era preparar as unhas. Você já imaginou alguém passar cerca de dez dias se coçando? Ficaria com as pernas em carne-viva...
A solução foi apelar para a indesejável automedicação. Quer saber qual foi o resultado? Deu certo. A coceira foi eliminada, as erupções reduzidas, e o que aconteceu, mesmo para os que têm plano ou podem arcar com tratamentos particulares, foi uma demonstração contundente do que sofre o brasileiro que depende da Saúde Pública
Pensem nisso, senhores congressistas. O caso é real.